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Vencedor da última edição do Prêmio Jabuti com a obra Engenheiro fantasma (Companhia das Letras), escolhido como Livro do Ano, Fabrício Corsaletti esteve presente na Feira do Livro de Frankfurt como parte de seu prêmio.
Corsaletti foi o primeiro vencedor do Prêmio a viajar para a principal feira do setor, com uma agenda especial elaborada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) com reuniões com editores, agentes literários e outros escritores do mundo todo. O autor também participou de uma mesa na Feira na qual falou sobre seu trabalho particular e, de modo geral, sobre a poesia brasileira contemporânea, que está sendo publicada hoje.
Em sua agem pelo evento, ele respondeu a três perguntas do PN:
Como foi a oportunidade de poder participar da Feira do Livro de Frankfurt, representar o Prêmio Jabuti internacionalmente e mostrar seu trabalho?
Eu consegui umas entrevistas, consegui conversar com o tradutor que traduz do português para o alemão, troquei livros, conversei com editores de alguns lugares, como Colômbia. Troquei figurinhas, informações e textos com uma editora de Taiwan. Então, foi legal, fiz contatos. Também fomos naquele hotel [The Hof] e lá conhecemos alguns editores, mas ainda não sei se isso tudo pode resultar em uma publicação. O interessante é que às vezes uma conversa pode surgir e pode levar a algo depois, né? Acho que isso que é o mais interessante da feira.
Como foi seu último ano, desde o anúncio de 'Engenheiro fantasma' como vencedor do Prêmio Jabuti?
O que aconteceu foi que eu vendi muito mais livros. É um reconhecimento grande e senti que as pessoas estavam mais receptivas mesmo com o meu trabalho, sabe? Mais interessadas.
Como foi o processo de publicação da sua obra, sua relação com a editora e suas inspirações para o projeto?
Eu já fui editor, né? Na Editora 34, e para mim o autor é soberano. A última palavra é sempre do autor. Um bom editor, na minha opinião, é alguém que entende o seu projeto e te ajuda a realizar esse projeto. Não impõe nada, entende? E a Companhia das Letras sempre foi muito respeitosa comigo. Mas não só a Companhia das Letras, eu falei dela porque Engenheiro fantasma foi publicado por ela, mas eu tenho vários livros pela 34, tenho livro pela Corsario Satã e por aí vai. Então eu tenho um ótimo relacionamento com esses editores, alguns são meus amigos, me conhecem bem, sabem o que eu valorizo e o que eu não valorizo. Então é sempre um trabalho muito respeitoso e a palavra final é sempre do autor. Eu acho que é assim que funciona uma boa edição.
Sobre o processo do meu livro, ele partiu de um sonho que eu relato no prólogo do livro. Que o sonho é que o Bob Dylan morava em Buenos Aires, e lá ele era o verdadeiro Bob Dylan. E o Bob Dylan que a gente conhece, esse músico e tal, seria um duplo desse Bob Dylan verdadeiro, que era o Bob Dylan dos sonhos. E esse Bob Dylan, o verdadeiro, o sonho, ele tinha feito um único trabalho artístico, que era um livro de sonetos. Chamava 200 Sonetos. E aí quando eu acordei, eu falei, ‘quero ler esse livro’. E aí comecei a escrever. E escrevi. Durante nove dias escrevi 56 sonetos e assim cheguei aos 200. E o livro é isso. São esses 56 sonetos. Como se fosse um trecho do livro do Dylan.
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Sobre próximos trabalhos, Corsaletti prepara um livro infantil de poemas que sairá pela Editora 34 e entre abril e junho de 2025 vai publicar um livro com suas crônicas completas. “São 500 páginas. Todas as minhas crônicas. São os dois livros anteriores que a 34 já tinha lançado, mais um inédito, tudo em um livro só”, adiantou. A obra chamará Um milhão de ruas e já está em processo de revisão.