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Desde a crise econômica de 2016, o subsetor vem apresentando decréscimos, situação que foi agravada pela pandemia. Além disso, CTP é a categoria analisada que mais tem dificuldade em recuperar o preço do livro. Mesmo com a variação positiva superando os resultados vistos na edição da pesquisa em 2023, saltando de 3,1% para 4,6%, em termos reais o valor do livro não subiu.
Por outro lado, a análise do subsetor de CTP se torna interessante pela sua estratégia de recuperação, se aproveitando do digital. “O digital vem sendo a alternativa assertiva de CTP para segurar esse subsetor de uma mudança que a pandemia acentuou”, disse Mariana Bueno, coordenadora de pesquisas econômicas e setoriais da Nielsen BookData, no Podcast do PublishNews.
Ainda segundo Bueno, atualmente, olhar para CTP é olhar para bibliotecas virtuais. “Quando a gente olha para bibliotecas virtuais – que é um modelo de negócios de CTP –, a gente percebe esse crescimento. O retorno das editoras é que, sim, está funcionando”.

“A impressão geral é que o subsetor atingiu o fundo do poço com a venda do impresso e com isso o crescimento do digital ou a ser suficiente para que o crescimento geral deixe de ser negativo. Não que seja algo estritamente a se comemorar, porque se deu às custas de um decréscimo absurdo, mas felizmente o mercado está encontrando uma alternativa”, completa Dante Cid, vice-presidente da Elsevier e presidente do SNEL.
Na Elsevier, por exemplo, a migração para o digital já aconteceu há alguns anos e hoje está na faixa de 90%. No Grupo GEN, esse processo também está evoluindo a cada ano. "Estamos conseguindo migrar aos trancos e barrancos, e cuidando dos stakeholders, autores, varejistas, e clientes entre outros. Em 2018, 84,8% do nosso faturamento era de livros físicos e em 2023 era de 61%. Esse ano, até abril, foi de 56,5%", compartilhou Mauro Lorch, presidente do GEN. “Além do desafio de saber navegar pela transição, é preciso compreender também os novos perfis de aprendizagem e atualização do leitor CTP. O mercado que conhecíamos há dez anos será apenas uma parte do mercado CTP que existirá em dez anos, pois novos modelos de consumo surgiram e se consolidam”, destaca Fürst.

Outro desafio é em relação ao preço do livro. “Com a mudança de perfil de consumo, há uma notória mudança da percepção do leitor quanto ao investimento que faz nos livros técnicos”, explica Henderson. Segundo o profissional, não há mais a consciência de que o preço de capa reflete no investimento de conhecimento e formação. “Apenas para exemplificar, vejo cada vez mais alunos na faculdade de Direito que preferem estudar apenas pelo seu caderno, achando o livro prescindível a esse momento de sua formação”.
“O que prevemos para agora não é nenhuma modificação muito radical de preços de capa. As editoras estão verificando esses resultados, que não são ideais, e diminuindo margem. É isso que faz com que, num momento de crescimento de custos, de insumos de produção, a gente consiga preservar os preços”, comenta Jézio Bomfim Gutierre, presidente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu). Para ele, os preços tendem a aumentar, já que estão represados justamente pela diminuição de margem. “Mas está chegando perto do insustentável, e com a explosão de custos de papel e de gráfica, certamente as editoras vão ser obrigadas a aumentar os preços”, analisa.
Ainda segundo Gutierre, as dificuldades que o subsetor enfrenta ainda são, em parte, decorrentes das acomodações comerciais da pandemia. “Nós temos um impacto do livro pirata digital, que não conseguimos ainda aferir completamente, e da digitalização da informação acadêmica por meios digitais que não são comercializados”, recorda.
Por fim, ao analisar as vendas ao governo, a queda foi de 7,2%, ante os 15% vistos em 2022. Porém, é importante lembrar que os números representam uma recomposição nos valores que deveriam ter sido pagos antes e não foram. “Ou seja, o governo não comprou mais. Ele tem um ciclo de compras que estava descasado. É somente uma recomposição”, esclarece Bueno.
Entre os principais canais de distribuição, as Livrarias Exclusivamente Virtuais continuam sendo o principal canal de faturamento, com 45,9% em importância. Livrarias (23,9%), Distribuidoras (14,1%) e Site Próprio/Marketplace (10,9%) aparecem em seguida.