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Nascido em 1978 na região de Paris, Lehmann visitou o Brasil com frequência na infância e adolescência, e essa proximidade, claro, lhe forneceu ferramentas para encarar a história do país, inclusive com o exemplo de engajamento do tio conhecido. Agora, Lehmann está em turnê pelo país para lançar o livro. Nesta terça-feira (21), ele participa de bate-papo e sessão de autógrafos na Livraria Jenipapo (Rua Fernandes Tourinho, 241, Savassi – Belo Horizonte / MG), e nos próximos dias estará no FIQ-BH. Na próxima semana, serão três eventos em São Paulo (veja abaixo a agenda completa).
O quadrinista respondeu a três perguntas do PublishNews.
PublishNews – Ao decidir fazer o livro como ficção (e não como história ou jornalismo), você tinha a intenção de destacar algum aspecto específico do contexto todo? Ou, de outra forma: como a liberdade da ficção te ajudou a construir esse livro?
Matthias Lehmann – Bom, na verdade eu nunca quis fazer outra coisa do que ficção. Aliás, eu só sei fazer ficção. Eu não sei se seria capaz de fazer um livro de história ou de jornalismo strictu sensu. Então, a liberdade que existe com a ficção, eu sempre trabalho com ela. Mas, de um certo modo, dá uma liberdade, mas não impede de se sentir uma responsabilidade, quando você vai falar de assuntos sérios, como o golpe de estado, a ditadura e as consequências, tudo isso. Então, senti uma responsabilidade, foi uma liberdade, vamos dizer, que não é total. E os aspectos que eu quis destacar, principalmente, né, os momentos históricos importantes, que eu considerei importantes para entender também o contexto político brasileiro de hoje. O contexto recente, por exemplo, principalmente, a importância da extrema-direita no Brasil hoje, e por isso, eu quis começar com o Golpe de Estado de 37, com o Estado Novo, e, é claro, no centro da história tem o golpe de Estado de 64, e a redemocratização, tudo isso, para ver todo esse percurso que levou à importância do autoritarismo na história contemporânea do Brasil, e para ver como que tudo isso levou ao bolsonarismo, de certo modo.
– Você tem uma ligação familiar forte com o Brasil. Mas essa ligação se traduz também nas artes? Pensando nos quadrinhos, mas também na literatura e nas artes visuais.
É, eu tenho uma ligação familiar forte com o Brasil, mas isso, né, de um certo modo é uma coisa que eu não escolhi, né. E foi transmitida a cultura brasileira também. Talvez porque eu venho de uma família aqui que gosta de arte, de literatura, e tudo isso. Mas esse interesse para as artes brasileiras, para a cultura, para a literatura, para os quadrinhos também, né. É mais uma coisa que eu escolhi, né. Que eu tive que pesquisar, que eu tive que me apropriar. Então, de um certo modo, é a parte mais pessoal do meu relacionamento com o Brasil.
– Como artista, você se sente impelido a "participar" ativamente do debate político atual, em que líderes de extrema-direita surgem e se consolidam politicamente mundo afora? Essa foi uma das intenções do livro?
Foi uma intenção do livro porque não somente eu queria falar da história do autoritarismo no Brasil, das suas consequências, como que isso levou ao governo de extrema direita do Jair Bolsonaro e tudo isso, mas ao mesmo tempo eu via, na França, como estava evoluindo esse pensamento autoritário. Então, eu queria participar desse movimento geral de gente que quer reagir a tudo isso e não somente como artista, mas de um certo modo como cidadão.

A turnê de Matthias Lehmann no Brasil tem o apoio da Embaixada da França. Veja as datas:
- Lançamentos em Belo Horizonte
21 de maio (terça), às 19h | Bate papo e sessão de autógrafos
República Jenipapo
Mediação: Heloisa Starling e Francis Duarte
Local: Livraria Jenipapo
Endereço: Rua Fernandes Tourinho, 241 - Savassi
O evento é uma parceria entre o Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Livraria Jenipapo.
Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FIQ)
25 de maio (sábado), às 17h
Sessão de autógrafos (necessária a retirada de senha no local)
25 de maio (sábado), às 19h
Mesa: "Ditadura nunca mais! Quadrinhos e os 60 anos do golpe civil-militar"
Mediação: Miriam Hermeto
Local: Auditório Ziraldo
26 de maio (domingo), às 13h
Sessão de autógrafos (necessária a retirada de senha no local)
O FIQ acontece no Minascentro de 22 a 26 de maio.
- Lançamentos em São Paulo
28 de maio (terça), às 19h | Bate-papo e sessão de autógrafos
Mediação: Guilherme Lorandi
Local: Loja Monstra
Endereço: Pç. Benedito Calixto, 158/1º andar, Pinheiros
29 de maio (quarta), às 19h | Bate-papo e sessão de autógrafos
Mediação: Sabrina Paixão
Local: Sesc 14 Bis
Endereço: Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista
Inscreva-se para participar!
31 de maio (sexta), às 19h | Bate-papo e sessão de autógrafos
Local: Livraria da Travessa de Pinheiros
Endereço: Rua dos Pinheiros, 513 - Pinheiros