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Nesta quarta-feira (6), às 19h, a jornalista investigativa Daniela Arbex realiza sessão de autógrafos de Longe do ninho (Intrínseca), seu novo livro-reportagem, na Livraria da Vila do Shopping Higienópolis (Av. Higienópolis, 618 – São Paulo / SP). A obra reúne os resultados da investigação sobre o incêndio que matou dez adolescentes no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, em fevereiro de 2019. No dia 8 daquele mês, 24 atletas da base foram surpreendidos por um grande incêndio, que vitimou dez meninos entre 14 e 16 anos e colocou fim ao sonho de se tornarem ídolos no país do futebol.
Em entrevista ao PN, a jornalista e escritora afirma que seus livros buscam lançar luz sobre a impunidade. "Retirar essas histórias da invisibilidade imposta por quem nega a história sempre incomoda, principalmente a quem está no poder e se sente ameaçado pelas denúncias que eu faço", afirma.
Daniela Arbex respondeu a três perguntas do PublishNews.
PublishNews – Suas obras tratam de temas com grande repercussão e envolvimento da população. Para além da prática investigativa da apuração enquanto jornalista, como você avalia seu envolvimento pessoal e emocional ao longo do processo de escrita?
Daniela Arbex – Para tocar quem nos lê, primeiro a gente precisa se deixar tocar. É impossível em um processo tão longo de apuração, geralmente dois anos, você finalizar um trabalho e simplesmente virar a página. Quando essas pessoas am pela sua vida, elas ficam. Penso que isso também é parte do processo de quem escreve: o exercício de humanidade.
PublishNews – Em seus livros, você aborda casos que ainda não foram concluídos, qual o principal desafio da apuração ao longo desse processo? O diálogo com instituições e figuras públicas ainda atuantes é uma etapa complicada?
Daniela Arbex – Mais do que tratar de casos que ainda não foram concluídos, meus livros lançam luz sobre a impunidade. Eles são uma recusa ao esquecimento. Retirar essas histórias da invisibilidade imposta por quem nega a história sempre incomoda, principalmente a quem está no poder e se sente ameaçado pelas denúncias que eu faço.
PublishNews – Em alguma medida, você vê suas obras como ferramentas para a construção de uma memória coletiva de acontecimentos?
Daniela Arbex – Na última década, eu tenho me dedicado à construção da memória coletiva do Brasil, o que considero um dos papeis mais importantes do jornalismo. Esquecer é negar a história. E se a gente esquece, repete os erros do ado. Se uma história não é contada, é como se ela não tivesse existido.