Publicidade
Publicidade
BookTok: o vídeo ajudando o livro
PublishNews, Gustavo Martins de Almeida, 04/03/2022
Em sua coluna, Gustavo Martins de Almeida analisa a importância da rede social TikTok na divulgação e venda de livros

Sim, é possível usar a rede social TikTok para divulgar livros. Pode parecer paradoxal, mas constata-se a existência de um nicho de uso dessa rede social, felizmente destinado a divulgar livros, o BookTok. 2l6x5

Criada em 2017 com o nome Musical.ly, visando a postar vídeos com músicas dubladas, a rede social chinesa foi comprada pela também chinesa ByteDance e se tornou o TikTok. Basicamente, a rede social divulga vídeos de até três minutos com variados efeitos sonoros e visuais.

A portentosa rede de livrarias norte Americana Barnes & Noble tem, no seu site, um setor especificamente destinado ao fenômeno BookTok (The Most Popular TikTok Books #BookTok | Barnes & Noble® (barnesandnoble.com), com indicação de livros por área de interesse, como adolescentes, ficção, romance, fantasia, etc., além dos mais recomendados e populares.

Então, o que poderia ser uma concorrência na chamada economia da atenção acaba se tornando uma ferramenta complementar do mercado editorial. Pequenas recomendações de livros e na maioria feita por adolescentes turbinam o setor de vendas e leitura.

Segundo a revista Forbes (BookTok: como o TikTok ajudou venda de livros a bater recorde nos EUA - Forbes) esses vídeos constituíram fator de grande influência na venda de livros durante o período de pandemia. Essa influência começou em 2020 e conta com os mecanismos de estímulo e difusão do TikTok, como premiação para novos aderentes e seguidores. Ainda de acordo com estatística divulgada pela revista Forbes, as visualizações marcadas com hashtag #BookTok chegaram a quase 36 bilhões.

O que se vê é um fenômeno de influenciadores audiovisuais que também atinge o YouTube.

Esse fenômeno surpreendente mostra que o mercado editorial acaba se servindo do audiovisual para a sua divulgação.

Razoável supor que esse espaço de oportunidade abre o caminho para outras práticas de divulgação de mercado, como merchandising e todo o tipo de promoções que visam a captar a atenção do público.

Para não deixar de falar da área jurídica, importante salientar alguns aspectos. Já ouvi questionamento a respeito da leitura de trechos de livros em vídeos do BookTok ser proibida, pois a lei 9610/98, art. 29, VIII, a exige autorização prévia para a “recitação ou declamação”.

A citação (leitura nos vídeos) de pequenos trechos (cujo tamanho a lei não especifica) é perfeitamente aceitável desde que mencionada a fonte o autor e a edição (lei 9610/98, art. 46, III). Já dentro do princípio de se evitar a concorrência desleal não é lícito, a meu ver, citação de trecho relevante, essencial, que contaria, por exemplo, o desfecho de um livro. Essa prática na verdade esvaziaria o conteúdo econômico da leitura, na medida em que revela cena de atração, de mistério de obra literária.

Em pesquisa de julho de 2021 o BookTok apresentava mais de 13 bilhões de vídeos, em sua maioria executados e apresentados pelo público jovem, com todas as suas emoções leves ou intensas transformando a literatura em algo atraente. Já falei aqui que uma obra audiovisual (tipo Malhação) em que um personagem protagonista fosse um leitor assíduo, sem ser necessariamente um caricatural nerd, influenciaria o jovem público leitor na direção dos livros. É a fórmula de atração do público espectador para o mercado literário, por meio do seu concorrente, o audiovisual.

Também mencionei em coluna ada o fenômeno do metaverso e dos NFTs. Juntem-se videogames e toda a indústria audiovisual e o espaço para uma resultante positiva do mercado literário está criado. Conversando com o craque Marcos Pereira, discutíamos o que seria mais difícil, aumentar o número de leitores brasileiros ou o número de livros lidos por esse seleto e relativamente pequeno setor. Talvez com o impulso do audiovisual (vloggers, YouTube e BookTok), o primeiro desafio se torne menos difícil.

Gustavo Martins de Almeida é carioca, advogado e professor. Tem pós-doutorado pela USP. Atua na área cível e de direito autoral. É também advogado do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e conselheiro do MAM-RIO. Em sua coluna, Gustavo Martins de Almeida aborda os reflexos jurídicos das novas formas e hábitos de transmissão de informações e de conhecimento. De forma coloquial, pretende esclarecer o mercado editorial acerca dos direitos que o afetam e expor a repercussão decorrente das sucessivas e relevantes inovações tecnológicas e de comportamento. Seu e-mail é [email protected].

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

Publicidade

A Alta Novel é um selo novo que transita entre vários segmentos e busca unir diferentes gêneros com publicações que inspirem leitores de diferentes idades, mostrando um compromisso com qualidade e diversidade. Conheça nossos livros clicando aqui!

Leia também
Seja qual for o e do livro, o exemplo doméstico é fundamental para desenvolver o costume
Em novo artigo, Gustavo Martins fala sobre o crescimento do áudio como meio transmissor de conteúdo e da necessidade de proteger os conteúdos de reproduções indevidas
Em novo artigo, Gustavo Martins usa como ponto de partida o desejo de Fernanda Torres de encenar uma peça de Eça de Queiroz para explicar os trâmites jurídicos de uma adaptação teatral
Em novo artigo, Gustavo Martins discorre sobre os tempos de leitura e compara impressos com audiolivros
Em novo artigo, Gustavo Martins comenta a decisão judicial americana referente ao comércio gratuito de livros
Publicidade

Mais de 13 mil pessoas recebem todos os dias a newsletter do PublishNews em suas caixas postais. Desta forma, elas estão sempre atualizadas com as últimas notícias do mercado editorial. Disparamos o informativo sempre antes do meio-dia e, graças ao nosso trabalho de edição e curadoria, você não precisa mais do que 10 minutos para ficar por dentro das novidades. E o melhor: É gratuito! Não perca tempo, clique aqui e assine agora mesmo a newsletter do PublishNews.

Outras colunas
Seja qual for o e do livro, o exemplo doméstico é fundamental para desenvolver o costume
Espaço publieditorial do PublishNews apresenta três obras da Ases da Literatura
'O despertar do Brasil: o país do presente' usa humor, crítica e apresenta uma reflexão sobre um país em transformação
'Missão planeta' é uma viagem ao coração da conscientização ambiental para crianças
Livro 'Vá, minha pequena!' é uma delicada celebração da poesia, da imaginação e da conexão com o mundo à nossa volta
Estou numa fase de ler romances de fantasia. Eles me transportam para outro mundo, é muito bom para fugir da rotina colégio-casa.
Larissa Martins
Estudante brasileira

Você está buscando um emprego no mercado editorial? O PublishNews oferece um banco de vagas abertas em diversas empresas da cadeia do livro. E se você quiser anunciar uma vaga em sua empresa, entre em contato.

Procurar

Precisando de um capista, de um diagramador ou de uma gráfica? Ou de um conversor de e-books? Seja o que for, você poderá encontrar no nosso Guia de Fornecedores. E para anunciar sua empresa, entre em contato.

Procurar

O PublishNews nasceu como uma newsletter. E esta continua sendo nossa principal ferramenta de comunicação. Quer receber diariamente todas as notícias do mundo do livro resumidas em um parágrafo?