Há pouco mais de seis anos, Marisa Moura iniciou a série de crônicas E toca o telefone, na qual uma misteriosa funcionária de uma agência literária atende o telefone da empresa. Do outro lado da linha estão os mais diversos perfis de autores: os consagrados, os aspirantes, autores que procuram por dicas, soluções, autores irritados e até editores cujo ego é maior do que o império que ele construiu. Na crônica dessa semana, quem liga para a agência é uma autora ansiosa e que espera uma resposta dos editores sobre o seu livro. 1x243g
— Agência...
— Oi. Que bom que foi você quem atendeu. Tudo bem por aí?
— Tudo e você como está?
— Nervosa. Histérica. Preocupada. Ansiosa.
— Epa. Que houve? Alguma problema de saúde?
— Não. Pode me ouvir?
— Sempre posso. Conta tudo.
— Você sabe que ei 12 meses escrevendo meu último livro, não sabe?
— Claro. Participei quase linha a linha dele.
— Exagerada.
— Tem razão, foi capítulo a capítulo. E não gostei nada nada que você deixou ele trair a mocinha do livro.
— Já falamos muito sobre essa traição. Estou preocupada com a resposta das editoras. Estou quase tendo um treco no coração.
— Por que?
— A agente me falou que as editoras já estão com o meu inédito.
— E?
— E! Como assim! Ninguém respondeu ainda. E já deu tempo de lerem o texto mais de 20 vezes. É um texto de 150 mil caracteres com espaço. Um livro de no máximo 200 páginas.
— Desde que quando os editores estão com seu inédito?
— UMA SEMANA! Fala se não é muito tempo?
— A sua semana tem cinco ou sete dias?
— Quem não entendeu fui eu agora.
— Pensa comigo. Se tem sete dias, você pensa que editor trabalha de fim de semana também. Se tem cinco dias, para você o editor trabalha de segunda a sexta. Entendeu?
— Bom, mesmo cinco dias, daria para ter lido cinco vezes. Uma vez por dia.
— E você acha que só tem o seu texto para ler na editora?
— Você está muito chata hoje. Tchau. Bipe. Bipe.
— Ai, ai, ai essas escritoras... Sempre elas.
A formação de Marisa Moura começou pela graduação em Letras na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, onde assumiu sua paixão pela literatura, da criação à produção. Marisa sentia necessidade de aprofundar-se em Marketing Cultural para Literatura Brasileira, o que fez no mestrado da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Com a ideia fixa de trabalhar com literatura brasileira, abriu a sua agência, a Zigurate, em 1994 e não parou mais. Sua coluna reflete sobre o trabalho do agente literário, um profissional atuante nas negociações de direitos autorais internacionais e nacionais e já presente no mercado editorial
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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