Em 1990, a carioca Lucia Riff fundava a Agência Literária BMSR, no Rio de Janeiro. Treze anos depois, sua empresa é referência no mercado editorial e sua equipe de sete pessoas representa uma centena de editoras estrangeiras no país e gerencia os direitos autorais de 48 escritores brasileiros de primeiro escalão, tais como Luis Fernando Verissimo, Mário Quintana, Lygia Fagundes Telles, Carlos Drummond de Andrade, Roberto Damatta, Letícia Wierzchowski e Adriana Falcão. Em entrevista concedida ao PublishNews, Lucia Riff conta um pouco do trabalho de um agente literário e faz ponderações sobre o mercado literário brasileiro e norte-americano 73595d
PublishNews: O que é exatamente o trabalho de um agente literário?
Lucia Riff: O agente literário representa autores junto ao mercado editorial. Cuida de oferecer textos, negociar e preparar contratos, acompanhar os pagamentos, renovações ou distratos etc. Mas, acima de tudo, o agente cuida para que o relacionamento do autor com o mercado seja o melhor, o mais tranquilo e produtivo possível. Como o agente lida com direitos autorais, cuida também de outros usos da obra dos seus autores, como adaptações para cinema, teatro, TV, reprodução de trechos da obra e muitos e muitos "etc.".
PN: Como e quando você se tornou uma agente literária?
LR: Começei a agência em 1990. Antes de "virar" agente, eu trabalhei em uma agência literária e depois em duas editoras. Acho que "virei" agente porque surgiu uma oportunidade e eu meti a cara, com uma boa dose de coragem, e outra, maior ainda, de loucura. Eu já sabia bem o que os agentes faziam, por lidar com eles, mas aprendi mesmo só depois que abri a minha própria agência.
PN: Atualmente, você atua mais como representante de editoras estrangeiras ou de autores nacionais?
LR: Eu, pessoalmente, cuido mais dos autores brasileiros, enquanto minha equipe se dedica mais aos agentes e editores estrangeiros. Os dois setores, nacional e estrangeiro, são muito importantes para nós, mas minha paixão são os autores brasileiros.
PN: A autora de A Casa das Sete Mulheres, Letícia Wierzchowski, foi descoberta por você. Como foi que isso aconteceu?
LR: Letícia me mandou um e-mail hipersimpático e os originais de um livro. Lemos, gostamos, marcamos um encontro e bateu uma amizade instantânea entre nós. A maior parte dos meus autores veio por indicação de outros autores amigos (agenciados ou não por nós), mas a Letícia veio sozinha, e deu super certo!
PN: Você trabalha ativamente na busca de novos autores, então? Aceita e avalia manuscritos?
LR: Não posso dizer que trabalhe ativamente buscando novos autores porque a agência não tem uma capacidade elástica de receber novos escritores. Estamos sufocadíssimos, fazendo mil coisas ao mesmo tempo! Quero cuidar especialmente bem dos autores e clientes estrangeiros que nós já contratamos - esta é obviamente nossa maior responsabilidade. É claro que o ideal seria poder ler com carinho todos os textos que nos mandam, mas isto seria complicadíssimo. No momento prefiro não receber originais para avaliação. Adoraria que pudesse ser diferente, mas já trabalho até altas horas todos os dias, e estou realmente com excesso de trabalho.