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Sou suspeito para falar, mas a Bienal do Rio tem algo de muito especial. É verdade que sempre lançou tendências e inspirou outros importantes eventos do setor. Também cativa as pessoas e faz parte da memória afetiva da cidade. Mas esta virada de chave fomenta o mercado editorial como nunca se viu, a partir de um estímulo genuíno à leitura, gerando fortes conexões. Não à toa, recebemos um apoio essencial de todas as editoras participantes, que abraçaram essa rotação do evento fazendo uma aposta importante, seja nas experiências imersivas, seja ocupando mais espaço nos pavilhões do Riocentro – com 100% de área vendida sete meses antes do evento.
Esse movimento só fortalece e consolida a Bienal do Livro Rio como o maior festival de literatura, cultura e entretenimento do país. Já há muito tempo não é mais somente aquela feira de livros da década de 80, quando livreiros montavam seus próprios estandes em uma área de 1,4 mil metros quadrados no icônico Copacabana Palace. De lá para cá, a Bienal criou novos espaços e formatos para democratizar o alcance dos livros e dialogar com os mais diversos públicos. O Café Literário, por exemplo, que recebeu nomes como Paulo Coelho e Jorge Amado, este ano completa 25 anos, tradicionalmente abrigando as discussões mais profundas para a sociedade contemporânea.
Vimos também a chegada e a força dos youtubers lançando o Palco Maracanã e a Arena Jovem, voltada para leitores Young Adult; espaço que mais tarde se tornou a Arena #SemFiltro, evoluindo para o Palavra-Chave. Desta vez, a Bienal do Rio lança o Palco Apoteose, um mega espaço efervescente que será o coração pulsante da Bienal no Rio, certamente arrastando multidões.
Importante lembrar também os novos formatos como Páginas na Tela e Páginas no Palco, que conectam as narrativas contadas por outras plataformas como teatro, música, cinema e séries de streaming. Naquele momento, com toda a evolução do mercado de eventos em plena sinergia com o mercado editorial, entendemos que o entretenimento já fazia parte da Bienal e então soubemos trazer o foco para as histórias, criando as primeiras atividades imersivas entre autores e o público, como o baile de máscaras da Julia Quinn, autora de Os Bridgertons, que também virou série.
Chegamos a 2023, ano em que a Bienal do Livro Rio comemorou 40 anos e se tornou patrimônio cultural da cidade do Rio, com recordes de públicos e vendas. Recebemos mais de 600 mil pessoas no Riocentro e aproximadamente 5,5 milhões de livros foram vendidos – uma média de nove livros por pessoa. Naquele ano, durante o evento, soubemos da disputa para o título de Capital Mundial do Livro, conferido pela UNESCO. Iniciativa privada, entidade setorial e Prefeitura do Rio se uniram, então, para trabalhar em cooperação de forma que o Rio pudesse concorrer, ando pela avaliação e escolha de uma comissão internacional que reúne federações de editores, escritores, livreiros e bibliotecas.
Foi preciso, por exemplo, fazer uma defesa sobre a candidatura da cidade e elencar uma série de atividades que valorizassem e impulsionassem a leitura, além de reunir indicações de instituições nacionais e internacionais relacionadas ao universo dos livros. Outro ponto era comprovar investimentos em eventos literários consistentes, o que já acontecia em ano de Bienal do Livro Rio. Pronto. Tínhamos todos os elementos para essa história e a Bienal era uma das principais personagens.
Celebrando esse título, nós da organização – que é formada pela GL events e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros – decidimos antecipar um planejamento gradual que seguiria até 2027, trazendo para o ano corrente toda a potência que a Bienal do Livro Rio promete ser. Desta vez, nosso grande festival – polo irradiador da leitura e da cultura – trará uma série de ativações e uma programação que o eleva a outro patamar. Nunca se viu uma Bienal como essa, que, embora ainda contenha uma feira de livros, se tornou um programa para comunidades de fãs ardorosos, estudantes, professores e bibliotecários, leitores de todas as narrativas e gêneros, famílias de um modo geral.
Teremos roda gigante literária, escape room e labirinto. Mais do que isso, teremos uma programação que transcende e extrapola o formato original e coloca o leitor como centro de tudo. A experiência leitora – assim mostra a Bienal – não precisa ser um processo individual, isolado e solitário. Os autores e toda a produção de conhecimento que só acontece na Bienal não precisam estar distantes. Pelo contrário. A reflexão sobre os mais diversos temas é feita de maneira conjunta, em rede, compartilhada. E isso se torna muito rico em um país que perde tantos leitores anualmente.
A Bienal, portanto, é um contraponto.
