Heloisa Teixeira, escritora e intérprete do Brasil, morre aos 85 anos
PublishNews, Guilherme Sobota, 28/03/2025
Autora morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda causada por pneumonia; velório será realizado neste sábado (29), na Academia Brasileira de Letras​, no Rio de Janeiro

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Heloísa Teixeira em cena do filme 'O Nascimento de H. Teixeira' | © Divulgação/Curta!
Heloísa Teixeira em cena do filme 'O Nascimento de H. Teixeira' | © Divulgação/Curta!
A escritora Heloisa Teixeira morreu aos 85 anos, na manhã desta sexta-feira (28), em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda causada por pneumonia. O velório será realizado neste sábado (29), na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Ícone dos estudos culturais no Brasil, a autora é agora saudada e relembrada por amigos, colegas e instituições nas redes sociais.

"Nossa querida Helô foi imensa – e deixa um legado incontestável de pensamento crítico, generosidade e compromisso com uma cultura mais justa, plural e inclusiva", diz uma nota da ABL. "Eleita em 2023 para a cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a escritora Nélida Piñon, Heloisa trouxe à ABL não apenas sua brilhante sagacidade intelectual, mas também um espírito de acolhimento e fraternidade que marcou profundamente todos com quem conviveu".

A editora Bazar do Tempo – que vinha publicando as obras mais recentes da autora, como Rebeldes e marginais: Cultura nos anos de chumbo (1960-1970), de 2024 – postou uma homenagem à autora. "Sua partida deixa uma lacuna irreparável, mas seu legado permanece vivo em cada ideia, cada livro e cada luta que inspirou. Helô foi mais que uma referência intelectual – foi luz, força, guia. Seguiremos honrando sua memória e celebrando tudo que construiu", diz um trecho do texto.

"Helô era uma pessoa sempre à frente do seu tempo. Uma visionária, uma revolucionária. Era também uma mulher inclusiva e plural. Por fim, ela era uma querida. Uma amiga em tempo integral", afirma Lilia Moritz Schwarcz, antrópologa e sócia da Companhia das Letras, também em nota.

Vida e obra

Heloisa Teixeira nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 26 de julho de 1939. Formou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. Foi escritora, professora emérita da Escola de Comunicação da UFRJ, membro efetivo e perpétuo da Academia Brasileira de Letras do RJ e coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde dirigiu o Laboratório de Tecnologias Sociais Universidade das Quebradas.

Seu campo de pesquisa privilegiou a relação entre cultura e desenvolvimento, nas áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultural digital. Nos últimos anos, trabalhou com o foco na cultura produzida nas periferias das grandes cidades, no feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.

É autora de muitos livros, entre eles: Macunaíma, da literatura ao cinema (José Olympio); 26 poetas hoje (Companhia das Letras); Cultura e participação nos anos 60 (Brasiliense); Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70 (Aeroplano); e Feminista, eu? Literatura, cinema novo, MPB (Bazar do Tempo).

[28/03/2025 13:30:00]