Para alguém que tinha receio da própria coluna não ter assunto, e que logo de cara reclamou da falta de cobertura da imprensa para o segmento didático, eu deveria estar feliz com o tanto de notícias que tem saído nos sites e jornais... No entanto, basta ar o olho pelas últimas manchetes para ver que a maioria delas está longe de ser positiva. 3u2f1n
Falem mal, mas falem da gente?
É claro que o setor didático não está sofrendo nenhuma “perseguição” repentina. Ele apenas é, como muitos outros, um daqueles segmentos de que quase ninguém lembra – até que alguma coisa polêmica acontece.
A exceção que comprova a regra tem sido as matérias sobre tecnologia na educação: essas sim têm sido regulares, e até elogiosas (às vezes demais).
Entre ambos os pólos, há um oceano de desinformação. Na verdade, nem todo uso educacional de tecnologia é adequado... e nem todo trecho de livro didático é condenável, se analisado dentro do seu contexto.
Quem é do setor sabe disso, mas e as milhares de pessoas expostas a esse tipo de noticiário todos os dias? Em boa parte, elas são as mesmas que, ao longo do ano letivo, reclamam de ter de comprar livros escolares – para si mesmas ou para seus filhos.
Campanha pela valorização do livro didático
Por motivos assim é que, no início deste ano, a Abrelivros lançou uma campanha pela valorização do livro didático. Através de peças como esta, ela tenta dar ao público geral uma noção melhor do valor que essas obras carregam – e do trabalho que elas dão.
Esse trabalho é proporcional não só ao tamanho do mercado, mas também à função social do livro escolar. Afinal, não dá para brincar com obras que têm a responsabilidade de instruir crianças e jovens, os quais em geral ainda não têm autonomia para distinguir entre certo e errado.
A função da editora
Mas, no fundo, a questão por trás dessa campanha é maior, e não diz respeito somente às editoras do setor escolar. O que não está claro para o público é: o que faz um editor? E que diferença ele faz no conteúdo que chega às mãos de adultos, crianças e jovens?
Em um país com uma cultura mais letrada a resposta talvez seja óbvia, mas não no Brasil – onde a maioria das pessoas só agora começa a ter o a bens econômicos e culturais. Pra piorar, essa ascensão social ocorre justamente em meio à “cultura do grátis” via internet – o que dificulta ainda mais a percepção de valor dos conteúdos.
Na outra ponta da cadeia estão os autores. Hoje, muitos deles se perguntam se vale a pena ter um intermediário (a editora) para publicar sua obra – especialmente após o advento pra valer do e-book. Se não é mais necessário imprimir e distribuir fisicamente, não seria mais negócio lançar os próprios livros, usando ferramentas como as da Amazon?
Entre um extremo e outro equilibram-se as editoras, preocupadas com sua sobrevivência na era digital. Só o tempo dirá quem vai cair da corda bamba, mas as boas editoras – aquelas que realmente fazem diferença na vida de seus autores e leitores – sem dúvida são as que têm mais chance.
eata do “orgulho editorial”
Enquanto isso, talvez seja o caso do setor se organizar melhor e fazer campanhas para um público mais abrangente, e com maior capilaridade – quem sabe até uma marcha pela Paulista, já que está “na moda”? ;-)
O que não falta são datas comemorativas para essa flashmob: Dia Nacional do Livro Didático (27 de fevereiro), Dia Nacional do Livro Infantil (18 de abril), Dia Nacional do Livro (29 de outubro)... Se é para criar factoides que viram manchete, ao menos que seja algo que valha a pena.
Até lá,
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